sábado, julho 07, 2007

Deitado no teu colo sinto o bater do teu coração atraiçoado pela vida, atraiçoando o meu, espetando ritmadamente farpas no tecido suave do amor que partilhamos. O calor dos nossos corpos juntos, escorrendo lágrimas de podridão reconforta o meu corpo. O deleite dos teus olhos confrontados com os meus reconfortam-me a alma, que aos poucos te entrego, para encher de alegria o triste vazio que te preenche, para encher de amor o espaço que a dor deixou sem aviso.

Dentro de ti, partilhamos a sensação de prazer da entrega absoluta e desmedida, impensada, imoral, totalmente desprovida de mascaras, nua como nós, livre como não somos (quanto não seja do nosso passado), intensa como sempre foste, como sempre fomos, como temos sido, como, ainda que farpado, e por isso mais forte, o tecido sedoso do nosso amor me faça acreditar que seremos.

Dentro de mim o vazio da solidão acompanhada é preenchida pelo júbilo do momento, que se prolonga por horas, por dias, pelo indefinido, que não acaba nunca, e nem é preciso procurar mais a perfeição das coisas, porque a mais alta e nobre delas já a conheço, e partilha-la comigo.

De pé, caminhando lado a lado, rumo ao impossível estado de pureza, somos abalados por ventos malditos, chuvas tempestuosas, e uma secura que nenhum sol, mesmo que rei, alguma vez conseguiu alcançar. Mas lado a lado, juntos, de mãos enlaçadas, e sem medo vencemos o passado e o presente, alcançando um futuro mais risonho, mais doce, ate que, como por magia, entramos num mundo de ternura, semelhante ao escorrer de chocolate derretido, calmo e forte, prazeroso e impossível de deixar, como tu.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

um dos textos mais bonitos que alguma vez li...

sábado, julho 21, 2007 10:15:00 da tarde  

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