quinta-feira, março 02, 2006

O homem que queria



Perdido, sozinho, distante do mundo, triste, carente, amargo. Assim está o ser que não é amado. Não é amado por ninguém como ele busca ser amado, não é amado por ninguém que apenas deseje a companhia desse ser que não é amado. Podia ser. Já foi. Mas não o é. E alguma vez voltará a ser amado? Como será o amanha do ser que não é amado e que é está perdido, sozinho, distante do mundo, triste, carente, amargo? E se o amanha não vier? Se não houver amanha para o ser que não é amado e não tem ânsia de viver senão por amor, porque simplesmente esse amor por que espera não vem nunca é desespero da espera, na qual perde a esperança e sofre. Qual é a diferença que faz ao não amado? Nenhuma! E a diferença que faz aqueles que não amam o ser que quer ser amado e não é? Nenhuma! E depois desse amanha alguém se lembrará do não amado que quer ser amado e não o é? Ninguém! Será um romeiro? Não! É simplesmente o ninguém mais reles e triste! É o ninguém que só o ser não amado consegue ser. É o perdido, o sozinho, o distante do mundo, o triste, o carente, o amargo! E este ser ama? Este ser que não recebe o amor dos outros ama? Ama! Muito! Tanto que nem consegue viver sem amar. E morre por fim no dia de amanha, para que depois desse amanha mais ninguém se lembre que existiu um homem que queria ser amado e não era, um homem que amava demais e sofria de mais e chorava demais e gritava demais e no fim descobriu que morria apenas porque já estava morto, porque amava demais sem ser amado, porque era simplesmente um homem igual aos outros em tudo, apenas diferente no amor. Este homem já morreu há muito tempo.