quarta-feira, abril 04, 2007

Morrer

Olhei para trás e nada vi. Olhei para a frente e nem vi. Olhei para mim e não me reconheci. Olhei à minha volta e estava sozinho, rodeado de nadas, preenchido pelo vazio. Tentei erguer-me, cai. Tentei sentar-me, tombei. Tentei deitar-me, enterrei-me! Quis fugir e não tinha para onde, nem tinha com quem, nem como, nem força… olhei em redor e continuava rodeado de nadas, já não conseguia olhar para mim, já não tinha força para viver, já não tinha vida sequer. Quando tentava pensar doía-me a cabeça. Quando tentava não pensar tinha vontade de chorar. Quando tentava chorar não conseguia. Quando tentava sorrir lacrimejava. O silêncio e o ruído significam o mesmo. O dia e a noite não são diferentes. A luz e a escuridão não me dizem nada, embora prefira a ausência de luz para sentir que não existo fisicamente e que sou apenas uma alma dorida, mal tratada, descurada, ignorada, indiferente, que aos poucos desaparece também, misturando-se com o vazio que a preenche. O meu requiem é escrito por mim, gravado no meu corpo, escrito a sangue meu, com uma caneta de sonhos destruídos. Vivi o melhor que soube, e sobrevivi. Sonhei o mais alto que pude, e acordei. Tentei ter coragem, tive medo. E morro da pior forma… sozinho…



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