quinta-feira, novembro 06, 2008

Todas as minhas palavras que resvalam na tua indiferença são como punhais de cristal espetados no meu corpo doente de não te ter. Deito-me no meu colo, enrolado na cama, despido de roupa, para me sentir. A sensualidade emotiva do bater acelerado de um coração descontrolado, ouço-a. O desprezo cruel do pensamento reprimido, sinto-o. O perfume da cama partilhada, imagino-o. Saboreio as lágrimas, nos olhos, no rosto, como o desaguar do teu ser em mim, no que resta de mim. Interrogo-me se alguma vez te vi realmente, ou se és apenas uma ilusão minha, fruto do meu desejo por ti. Estou certo que olhas para mim, repetidamente apenas olhas para mim. E eu continuo a tentar ver-te, repetidamente focando-te, talvez sem nunca capturar a tua essência. Na cama despida, olho os teus olhos dourados, vendo-me a mim, esqueço-me dos teus olhares, grito-me dento de ti e do teu ser imaginário. Não conheço já o meu cheiro sem ti, e nunca me tocaste. Não acordo sem um beijo teu, e nunca me viste. Não falo sem as tuas palavras, e nunca me escreveste. Vejo o meu reflexo contigo, com o teu olhar vazio, com as minhas lágrimas tuas, sem saudade, sem presença, sem ti.