Todas as minhas palavras que resvalam na tua indiferença são como punhais de cristal espetados no meu corpo doente de não te ter. Deito-me no meu colo, enrolado na cama, despido de roupa, para me sentir. A sensualidade emotiva do bater acelerado de um coração descontrolado, ouço-a. O desprezo cruel do pensamento reprimido, sinto-o. O perfume da cama partilhada, imagino-o. Saboreio as lágrimas, nos olhos, no rosto, como o desaguar do teu ser em mim, no que resta de mim. Interrogo-me se alguma vez te vi realmente, ou se és apenas uma ilusão minha, fruto do meu desejo por ti. Estou certo que olhas para mim, repetidamente apenas olhas para mim. E eu continuo a tentar ver-te, repetidamente focando-te, talvez sem nunca capturar a tua essência. Na cama despida, olho os teus olhos dourados, vendo-me a mim, esqueço-me dos teus olhares, grito-me dento de ti e do teu ser imaginário. Não conheço já o meu cheiro sem ti, e nunca me tocaste. Não acordo sem um beijo teu, e nunca me viste. Não falo sem as tuas palavras, e nunca me escreveste. Vejo o meu reflexo contigo, com o teu olhar vazio, com as minhas lágrimas tuas, sem saudade, sem presença, sem ti.
quinta-feira, novembro 06, 2008
segunda-feira, junho 16, 2008
As cinzas do lume apagado jazem ainda dentro de mim. Visto-me de ti, perfumando-me com outros odores, incendiando pedras, queimando ferros. O perfume que deixo no que não é meu, não é meu. O odor que trago comigo é o teu. Deixo-me estendido, vencido, prostrado na realidade sombria das cinzas apagadas, que por vezes sopro, imaginando-as incandescentes, ardendo dentro de mim novamente. Não tenho grandes propósitos. Tenho apenas muitos sonhos. Do sono profundo que me embala a todo o tempo não quero acordar. Dos meus desejos quero ser livre, para limpar o meu ser de ti, limpando-me ao que deixaste de mim, num acto de crueldade para comigo, expondo-me a mim novamente, para sofrer livremente as dores de quem sofre por nada ter, deixando de sofrer as alegrias que já não o são, e as tristezas que já não existem. Quero o vazio à solidão. Aquele posso preenche-lo um dia, esta já me ocupa por completo. Eu sopro as cinzas e elas espalham-se mais por mim. Eu deixo-as ao vento e ele desaparece. A confusão entre o que fui e o que sou é a mesma que entre o que não sou e o que quis ser. Mas no fundo sou coerente. Sou o que não quero, e fui o que não quis; não sou o que quero e não sou o que quis ser. No redondo do meu pensamento, fui e sou um tudo-nada contrário a mim. Foste em mim, és sem mim, fui por ti, não sou.
quarta-feira, outubro 24, 2007
Amiga, do meu amigo
Amiga, do meu amigo
oí eu hoje recado;
que é viv'e namorado
doutra dona, ben vos digo.
Mais jur'a Deus que quisera
oír ante que mort'era.
Eu era maravilhada
porque tan muito tardava;
pero sempr'esto cuidava,
se eu del seja vingada.
Mais jur'a Deus que quisera
oír ante que mort'era.
Mui coitada per vevía;
mais ora non sei que seja
de min, pois outra deseja,
e leixou min que servía.
Mais jur'a Deus que quisera
oír ante que mort'era.
E a el mui melhor era,
e a min máis mi prouguera.
por Sancho Sanches
Voir un ami pleurer
Bien sûr il y a les guerres d'Irlande
Et les peuplades sans musique
Bien sûr tout ce manque de tendres
Il n'y a plus d'Amérique
Bien sûr l'argent n'a pas d'odeur
Mais pas d'odeur me monte au nez
Bien sûr on marche sur les fleurs
Mais voir un ami pleurer!
Bien sûr il y a nos défaites
Et puis la mort qui est tout au bout
Nos corps inclinent déjà la tête
Étonnés d'être encore debout
Bien sûr les femmes infidèles
Et les oiseaux assassinés
Bien sûr nos cœurs perdent leurs ailes
Mais mais voir un ami pleurer!
Bien sûr ces villes épuisées
Par ces enfants de cinquante ans
Notre impuissance à les aider
Et nos amours qui ont mal aux dents
Bien sûr le temps qui va trop vite
Ces métro remplis de noyés
La vérité qui nous évite
Mais voir un ami pleurer!
Bien sûr nos miroirs sont intègres
Ni le courage d'être juifs
Ni l'élégance d'être nègres
On se croit mèche on n'est que suif
Et tous ces hommes qui sont nos frères
Tellement qu'on n'est plus étonnés
Que par amour ils nous lacèrent
Mais voir un ami pleurer!
por Jacques Brel
sábado, outubro 20, 2007
A serenidade do mar, tranquilo naquela tarde de inicio de outono, ainda quente, mas já amarguradamente fresco, contrastava com o frenesim de sentimentos da tua alma. O leve nevar de areia que fazias acontecer incessantemente revelava o teu mal estar e a tua angustia, sintonizada com aquele tão nobre ódio à pessoa,pelo simples facto de ser pessoa, pela irrelevancia da sua existência, entrelaçada com a terrível irrenunciável grandeza da humanização da sua vida. A brisa que percorre os teus cabelos, mais curtos, mas que ainda ondulam ao sabor da melodia silenciosa do ar que o trespassa, como os arpoes mentais que perfuram a tua existência. De mãos dadas com a natureza, despiste-te de humanidade, vestindo-te de pensamentos, e na profundidade do teu desprendimento material orgânico, vegetas enterrando-te na areia, como que num funeral de ti mesmo, agendado ao segundo, destruído ao momento. Funeral de sofrimentos e mágoas que insistes em querer deixar para trás, mas que infinitamente te perseguirão, não te permitindo esquecer a humanidade que involuntariamente transportas, rejeitando-a, rejeitando-te, como rejeitas a dominação do teu domínio, quando te perdes nos sentidos, já cheirando as texturas das peles que te tocam, e que rejeitas, abrando os olhares, provando os sons do delírio da prisão dos odores tocados por ti, não por quereres, mas por seres. Essas crianças velhas que te enchem alegremente de raiva à sua passagem, deixando-te em delírio na mistura do som das suas vozes cansadas de emoções com o ranger profundo do mar calmo de fim de tarde, fogoso e colorido, como tu não queres mais ser, apenas te prendem quando te inundam a pele de sons quentes, fundindo o gelo negro em que te incorporaste, deixando.te a nu, desprotegido de quem és. Quando caiu o sol e o negro da noite clara de quarto crescente, na sua morte já, tu jazias já dento de ti, enterrado na areia que nevaste, chorando ainda lágrimas de sol, libertando-te do colorido prateado da noite que te envolve, ate te levantares e dares-me a mão, salvando-nos novamente, eternamente.
quinta-feira, outubro 18, 2007
Estar
terça-feira, setembro 25, 2007
Só depois...
Só depois daquela noite de verão morno, que, como sempre, passamos juntos, que, como sempre, passamos no campo, porque tu gostas, que, como sempre, fui trocado pelo jornal, pela revista, pelo romance, pela televisão, pelo jantar, pelo sono, pelas arvores, pelas fotos, pelos fogos, pelos montes, pelo calor, pelo frio, pelo sol e pela lua, tive coragem para te dizer que já não te amava, que dia após dia te traía em pensamento.
Só depois de te virar as costas, pela primeira vez sem voltar, me disseste obrigado por todo o amor que te dediquei, durante todos estes verões em que mal notavas a minha presença, mesmo quando ele já se tinha esgotado e o inventava dia após dia, noite após noite, mesmo quando te ouvia gemer de prazer físico e adormecias sem dizer boa noite.
Só depois de te pedir que não estivesses em casa quando lá fosse recuperar o pouco que me resta, que contigo partilhei sempre, mesmo quando fazias de conta que era teu, mesmo quando exigias o que não te pertencia, mesmo quando eu te pedia para teres cuidado, e não tinhas, tu me pediste para não te deixar “agora”, porque os teus eternos agoras e nuncas e sempres e aquele talvez, não te deixavam viver agora o que nunca se repetiria, recordando para sempre uma certeza de amar, que já não acontecia, mesmo quando me mentias no “amo-te” orgásmico.
Só depois de sentires o frio da cama sem mim, o vento da tempestade, que teimas fazer a tua vida ser, a derrubar todo o teu quarto, que já não é nosso, choraste a primeira pedra de gelo, que no verde ardente dos teus dos montes que tanto amas, e onde passamos todos esses verões, se derrete e evapora para o infinito longínquo onde as tuas lembranças nossas jazem, bem longe das minhas que, mesmo já não te amando, guardo no canto do meu coração, sedento de amor, que é teu e, este sim, sempre será.
Só agora ao ver-te na tumba, numa serena perfeição pálida e eterna te posso dizer, mesmo sabendo que em vão, que a raiva que nunca senti me devia ter dito que o amor não se apaga jamais.
sábado, setembro 22, 2007
- Ai meu amor! Como te amo… não te quero perder nunca!
- Nunca, nunca, nunca?
- Sim! Quero-te para sempre! Sou muito feliz contigo…
Foram essas as palavras que dissemos antes de saíres pela minha porta e te ver entrar no elevador. Ainda me atiraste um beijo, que voou lentamente ate à minha boca.
Fui à janela para te ver entrar no carro. Vais a rir-te e a voltas-te para mim acenando-me, levas a mão à boca para enviares outro beijo mas um golpe fatal interrompe-te. Soltas um gemido abafado pela mão que te prende a boca. Uma voz rouca e baça, alucinada e magoada olha para cima e apontando-te no chão diz “Agora, nem para mim nem para ti!”, e desaparece na escuridão da cidade iluminada.
Tento-me a saltar para junto de ti. A meio do impulso seguro-me e corro para as escadas que desço furiosamente, lanços inteiros, chocando contra a parede, já sangrando, mas não sentido dor alguma, não me sentindo sequer.
Na rua está um cão a lamber o teu sangue. Ele foge quando me aproximo a correr e me derrubo sobre ti. Sobre o corpo que ainda há um momento amava na minha cama, quase nossa de tantas noites (será que foram assim tantas?) lá passadas contigo, deito as minhas lágrimas e largo os meus gritos coloridos com o teu sangue, com a cor da nossa paixão.
Há cinco dias que não saio de casa. Há cinco dias que não falo com ninguém. Há cinco dias que não vejo a luz do sol. Há cinco dias que me deito na cama onde te deitaste para tentar sentir mais um pouco do teu cheiro, para fazer entrar em mim mais um pouco de ti, do nada que agora resta de ti. O teu funeral foi na segunda. O meu foi no sábado.
Ainda não me banhei desde sábado. Quero o teu cheiro em mim de novo!! Porque que não estas comigo?! Quem era aquela pessoa?! Porque que eu não sei?! O teu passado obscuro que te matou, também me matou a mim! Já não tenho força para ter raiva. Mas o desejo de te vingar ainda mantém o meu corpo vivo, mesmo com o coração na tua urna.
Sempre me tiveste... mas quando é que eu te perdi?
sexta-feira, setembro 21, 2007
Depois do Grito
domingo, julho 29, 2007
Sentado no banco de jardim à tua espera, à mesma hora de sempre, no mesmo canto, na mesma posição, fixando o olhar nos mesmos pontos de sempre. Como sempre vieste pelo meio do jardim. Afastando à tua passagem os pombos que ali teimam em obstruir-te a passagem. Estranhamente não sorrias. Estavas com feições serias e escuras. Quando te aproximaste mais reparei no negro debaixo dos teus olhos e a tua tez estava mais clara e mais baça. Trazias a mesma roupa com que te tinha visto na noite anterior na festa. Tinhas os sapatos manchados e o cabelo mais despenteado que o normal. Cumprimentaste-me cordialmente, como sempre, e sentaste-te ao meu lado, com verdadeiro desconforto. Não olhavas para mim e começaste a balbuciar, cansadamente, algumas palavras, às quais não dei atenção, olhando para ti e tentando escutar-te a alma mais do que as palavras que enrolavas. Finalmente despertaste-me a atenção quando começas: “Sabes… ontem… depois de saíres de lá…”. Nesse momento o meu coração, apaixonado por ti, parou de bater ritmadamente, batendo impulsivamente. Alguma coisa, depois de me beijares e dizeres “amo-te” tinha acontecido. Eu não sabia o que era, tu não me conseguias contar, desaguando na foz de um mar de lágrimas sofridas. Olhaste para mim e descreveste pormenorizadamente o “acontecimento”, terminando com o cliché “não valho nada, não te faço feliz, não podemos continuar nisto, amo-te mas não te mereço, desculpa todo o mal que te fiz, se quiseres devolvo-te os cd’s amanha”. Tinhas-me traído, estavas com o corpo e a alma conspurcada, odiei-te naquele momento, desejei-te todo o mal que me é possível imaginar para ti. Baixaste a cabeça a chorar compulsivamente. Peguei na tua cara para que me olhasses nos olhos, e disse-te “amanha, aqui, à mesma hora, com os cd’s!”. Levantei-me e sai, deixando-te a chorar, chorando eu também, sem tu veres, sem ninguém ver, chorando por dentro, chorando na alma.
Ontem vi-te caminhar no mesmo caminho, com os mesmos passos, sentando-te no mesmo sítio. Eu não estava lá. Nem fui para lá.
Hoje passei por lá. Ainda lá estavas, no mesmo sítio, a chorar ainda. E eu amando-te não parei, e chorei para fora.
domingo, julho 22, 2007
Deitas-te ao meu lado e adormeces. No teu sono profundo pronuncias o nome de alguém. Não entendo o teu balbucio, mas sei que não é o meu, mesmo estando deitado ao teu lado e tu me tenhas dito, antes de adormeceres, para te abraçar esta noite para sermos muito felizes. Levanto-me. O meu movimento suavemente brusco agita-te e silencias-te. Vou à varanda e olho a serra. Vejo os primeiros raios iluminar o céu, mas eu escureci por dentro com aquelas tuas palavras, imperceptíveis mas acutilantes. Fumei o primeiro cigarro juntamente com a primeira lágrima, quando fumei o ultimo já não tinha lágrimas e já era de dia. Notaste a minha ausência no leito em que descansavas, sem mim. Olhaste a janela e vendo o meu vulto chamaste-me com uma voz rouca e baça. Não respondi. Tu, que não me amas, mas que acreditas no conforto que te dou, viste ter comigo perguntando-me “que se passa?”, deixando no ar um odor de simpatia que inalei e fiz de conta que acreditava, escondendo-te a verdade que esta dentro de ti e que me revelaste no teu sono, sem saberes, e que eu fingi para mim esquecer naquele momento, escondendo de ti aquilo que escondeste de mim, porque o conforto que me dás é verdadeiro, ao contrario do amor que finges. Fomos de novo para a cama. Eu tinha o corpo frio e o teu ainda estava morno. Despidos e abraçados, exaltamos a nossa libido e, tu por desejo e eu por desgosto, entregamos os nossos corpos ao prazer carnal, num acto violento e doloroso, para mim que sofro por saber que não te entregas a mim apenas por escolheres, mas por não poderes ter o corpo que desejas.
Vamos no carro a ouvir o vento passar por cima de nós com a capota aberta. O rádio está desligado, simplesmente não se ligou. Vais a conduzir, estou cansado. Começas a falar. Não dizes nada de jeito! Eu olho para ti e peço-te para saíres na próxima saída, sentindo que sair do carro é a minha única saída. Quando paras e eu saio, dizendo-te que não vou continuar viagem contigo e para deixares a chave do carro com o porteiro, assusto-te. Mas eu não voltei a entrar, nem no carro nem em ti. E tu não saíste da minha cabeça ate hoje.
terça-feira, julho 17, 2007
Embora sem amor por ti dedico-te este poema, que não me pertence, por mo teres mostrado e com ele teres intensificado os sentimentos que de amor que preenchem. Obrigado Mafalda.
"Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distração animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar."
Alberto Caeiro
sábado, julho 07, 2007
Deitado no teu colo sinto o bater do teu coração atraiçoado pela vida, atraiçoando o meu, espetando ritmadamente farpas no tecido suave do amor que partilhamos. O calor dos nossos corpos juntos, escorrendo lágrimas de podridão reconforta o meu corpo. O deleite dos teus olhos confrontados com os meus reconfortam-me a alma, que aos poucos te entrego, para encher de alegria o triste vazio que te preenche, para encher de amor o espaço que a dor deixou sem aviso.
Dentro de ti, partilhamos a sensação de prazer da entrega absoluta e desmedida, impensada, imoral, totalmente desprovida de mascaras, nua como nós, livre como não somos (quanto não seja do nosso passado), intensa como sempre foste, como sempre fomos, como temos sido, como, ainda que farpado, e por isso mais forte, o tecido sedoso do nosso amor me faça acreditar que seremos.
Dentro de mim o vazio da solidão acompanhada é preenchida pelo júbilo do momento, que se prolonga por horas, por dias, pelo indefinido, que não acaba nunca, e nem é preciso procurar mais a perfeição das coisas, porque a mais alta e nobre delas já a conheço, e partilha-la comigo.
De pé, caminhando lado a lado, rumo ao impossível estado de pureza, somos abalados por ventos malditos, chuvas tempestuosas, e uma secura que nenhum sol, mesmo que rei, alguma vez conseguiu alcançar. Mas lado a lado, juntos, de mãos enlaçadas, e sem medo vencemos o passado e o presente, alcançando um futuro mais risonho, mais doce, ate que, como por magia, entramos num mundo de ternura, semelhante ao escorrer de chocolate derretido, calmo e forte, prazeroso e impossível de deixar, como tu.
sexta-feira, junho 01, 2007
Esperança
Esperança, onde estás tu? Esperança minha, que não te encontro mais!! Esperança perdida volta para mim!! Deixa-me olhar-te teus olhos negros e viver mais um dia com o alento de acreditar, mesmo no inacreditável, mesmo na felicidade, mesmo no impossível, que descobri que o amor é. Esperança!! Volta para meus braços e deixa que te aperte contra o peito dorido da tua ausência, dorido da realidade que contra ele embateu, dorido do ser que sou e do homem que não sou… No agreste vento da verdade, que não é mais senão o conjunto de todas as mentiras, vem voando a saudade da esperança que tinha antes e já não tenho mais…
quarta-feira, abril 04, 2007
Morrer
Olhei para trás e nada vi. Olhei para a frente e nem vi. Olhei para mim e não me reconheci. Olhei à minha volta e estava sozinho, rodeado de nadas, preenchido pelo vazio. Tentei erguer-me, cai. Tentei sentar-me, tombei. Tentei deitar-me, enterrei-me! Quis fugir e não tinha para onde, nem tinha com quem, nem como, nem força… olhei em redor e continuava rodeado de nadas, já não conseguia olhar para mim, já não tinha força para viver, já não tinha vida sequer. Quando tentava pensar doía-me a cabeça. Quando tentava não pensar tinha vontade de chorar. Quando tentava chorar não conseguia. Quando tentava sorrir lacrimejava. O silêncio e o ruído significam o mesmo. O dia e a noite não são diferentes. A luz e a escuridão não me dizem nada, embora prefira a ausência de luz para sentir que não existo fisicamente e que sou apenas uma alma dorida, mal tratada, descurada, ignorada, indiferente, que aos poucos desaparece também, misturando-se com o vazio que a preenche. O meu requiem é escrito por mim, gravado no meu corpo, escrito a sangue meu, com uma caneta de sonhos destruídos. Vivi o melhor que soube, e sobrevivi. Sonhei o mais alto que pude, e acordei. Tentei ter coragem, tive medo. E morro da pior forma… sozinho…
iel_b
terça-feira, outubro 31, 2006
Apos viver amargudamente o dia que vivi hoje, e pensar que foi uma replica perfeita de todos os outros dias que o precederam e antes desses os demais que antes deles me traziam em agonia constante, sinto conhecer melhor o sentido da minha vida, o sentido que me leva a cada momento para o desconhecido escuro, mas que ao habituar-me á escuridão lentamente vislumbro o fim, e nesse fim para o qual caminho existe apenas o abismo, e a tortura que vivo hoje afinal é só uma preparação para a queda final em que apenas terei tempo para pensar naquilo que foi bom, valorizar o que gostei nos intervalos da tortura a que me submeto e que me deixo submeter dia após dia qual replica perfeita (ou aperfeiçoada) do anterior. Agora sentado, fumando, bebendo, engolindo a cada golo do absinto palavras proibidas e sentimentos malditos que se entranham a todo o momento cada vez mais em mim, a cada golo no caminho para o inconsciente, a cada bafo de fumo dum fogo que morre como eu mesmo morro, sinto-me mais perto do fim e do abismo que há nesse fim, que desconheço mas no qual vou pensar nas coisas bonitas que agora, porque vivo em tortura, não posso pensar.
segunda-feira, outubro 30, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
Olhando para o Tejo
deep in your heart, deep in your soul........
Algures no íntimo de cada ser existe um pedaço de bondade. Algures no íntimo de cada homem existe a inveja. Mas apenas em alguns existe algures o amor verdadeiro, aquele que traz consigo a preocupação e a saudade, a dor no sofrimento e a alegria na presença. Apenas alguns desses homens vivem esse amor, aqueles a quem é concedido esse privilégio. A mim, tendo sido dada a capacidade de amar, não me é permitido. E, acorrentado com os ferros da solidão, vou vivendo dia após dia numa dor que me corrói por dentro e por fora, que me leva ao desespero, que me destrói, que me mata! Cada lágrima que engulo é um novo espinho que cravo no meu frágil coração...
iel_b
quarta-feira, setembro 20, 2006
O horror da dor guardada e o desespero do dia a dia, dia após dia, hora após hora, numa rotina fora do normal, e fora do contexto, persegue-me. Segue-me o vazio e o nada que sou e o tudo que quis ser. Acompanha-me a angústia de saber que há um novo momento depois deste em que peno. Entranha-se em mim o podre que me rodeia, e podre que sou desfaz a minha alma. Vou penando dia após dia neste mundo que me mantém vivo sem razão, ou só com a razão de me manter podre por dentro e podre por fora. Onde toco destruo, onde moro cheira mal, onde passo impressiono, onde choro mato, apodrecendo a cada momento, desejando a morte do meu ser, recordando a minha alma já morta por mim. Agora escrevendo o que sou e no que me tornei destruo as palavras que uso, matando a língua em que escrevo apenas por as usar!
terça-feira, setembro 19, 2006
Loreena McKennitt - The dark night of the soul
Upon a darkened nightthe flame of love was burning in my breast
And by a lantern bright
I fled my house while all in quiet rest
Shrouded by the night
and by the secret stair I quickly fled
The veil concealed my eyes
while all within lay quiet as the dead
Chorus
Oh night thou was my guide
oh night more loving than the rising sun
Oh night that joined the lover
to the beloved one
transforming each of them into the other
Upon that misty night
in secrecy, beyond such mortal sight
Without a guide or light
than that which burned so deeply in my heart
That fire t'was led me on
and shone more bright than of the midday sun
To where he waited still
it was a place where no one else could come
Chorus
Within my pounding heart
which kept itself entirely for him
He fell into his sleep
beneath the cedars all my love I gave
And by the fortress walls
the wind would brush his hair against his brow
And with its smoothest hand
caressed my every sense it would allow
Chorus
I lost myself to him
and laid my face upon my lovers breast
And care and grief grew dim
as in the mornings mist became the light
There they dimmed amongst the lilies fair
There they dimmed amongst the lilies fair
There they dimmed amongst the lilies fair
Loreena writes in the CD booklet about this song:
May, 1993 - Stratford ... have been reading through the poetry of 15th century Spain, and I find myself drawn to one by the mystic writer and visionary St. John of the Cross; the untitled work is an exquisite, richly metaphoric love poem between himself and his god. It could pass as a love poem between any two at any time ... His approach seems more akin to early Islamic or Judaic works in its more direct route to communication to his god ... I have gone over three different translations of the poem, and am struck by how much a translation can alter our interpretation. Am reminded that most holy scriptures come to us in translation, resulting in a diversity of views.Music by Loreena McKennitt
Lyrics by St. John of the Cross (San Juan de la Cruz), arr. and adapted by Loreena McKennitt
sexta-feira, setembro 08, 2006
E agora, deitado à tua espera, reparo na minha pequenez, reparo no quão pequeno sou, e sinto que não vivo mais por viver, mas vivo para te esperar, sempre deitado nesta cama em que me sinto pequeno e sozinho, ainda sem ti.
E antes, quando não esperava por ti, quando o vazio preenchia o lugar que a solidão ocupou, esperava que o vazio morresse, como eu já tinha morrido, sem sequer nascer.
E depois disto tudo, depois do vazio e da horizontalidade neste quarto imenso onde eu, pequeno e sozinho, esperei, espero erguer-me ao ver-te abrir a porta e aproximar-te da cama, tornando-me subitamente grande e majestoso ao teu lado. Tu, que entrando, rasgando as páginas de solidão e preenchendo de novo esse espaço com calor do teu corpo, quase suado, entraste em mim para me fazer nascer desta morte maldita que me leva sempre a deitar-me esperando.
iel_b
domingo, maio 14, 2006
“Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa”, porque o real não é possível e o certo é sempre desconhecido. Assim a certeza da realidade se esbate na impossibilidade do desconhecido, como Lancelot, desconhecendo sua dama, a acha bonita mesmo já não vivendo, na impossibilidade de saber que esta morreu por si. Nem sempre fácil de entender, a “vida” depois da morte continua a correr como um rio, desaguando sempre no mar, e na infinita vergonha do passado no futuro, ouvimos o som de uma voz junto à nossa pele deixando-nos levar por ela. Assim seja feita a vontade do presente…
iel_b
sexta-feira, maio 12, 2006
Porque o amanhacer de alguns dias, no seu tom cinza, da aurora matinal, é maior que poemas que em branco esperam pelo futuro...
NO TEU POEMA
No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida
No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E aberta uma varanda para o mundo
Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da Senhora da Agonia e o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva, a luta, de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte
No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha
No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano
Existe um rio
O canto em vozes juntas, em vozes certas
Canção de uma só letra e um só destino a embarcar
No cais da nova nau das descobertas
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte
No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo o mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera do futuro
José Luís Tinoco
quinta-feira, abril 27, 2006
TABACARIA
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
Álvaro de Campos, 15-1-1928
quinta-feira, março 02, 2006
O homem que queria
terça-feira, novembro 29, 2005
Passas como um rio, e ficas como uma pedra. Ao olhar-te, doce amargura me preenche, triste alegria me envolve, ficas como uma montanha presa numa tela, e morrendo no correr do pincel, choro a tinta que te eleva ao infinito estado de presença ausente.
És luz negra que me esconde, pois sou negro, estou negro. Mas quem lança o negro em mim? És tu? Vestes-te de negro? O negro já se entranhou? De que cor é tua alma? E o que resta da minha?
És luz branca e cintilante que me cega e que transbordando de prazer me leva para alem do sonho. Mas porque me cegas? Porquê tu? Agora que brilhas e és a tua própria antítese diz-me, vais ser grafite ou diamante?
segunda-feira, novembro 28, 2005
vento
Sou vento também, sou faca e sou soldado. Sou morte e sou vazio, sou um tudo que nada é, sou o ser que não é.
És tu, vento que me trespassa, uma dor ou um ser? És tu, dor que me cobre, parte de mim que não existe? És tu, vento que contemplo, um som de dor e prazer, que fugindo me encantas, que sorrindo me feres, que vivendo me matas, que morrendo me levas, que amo, que quero, que vivo, que vibro, que trato, que deixo, que me fazes dizer foge, encanta-me, sorri-me, fere-me, vive, mata-me, morre, leva-me contigo, brisa do ser que é vazio e é arma, que é som no silencio das palavras proibidas!!
iel_b
sexta-feira, novembro 25, 2005
domingo, novembro 13, 2005
É tarde
iel_b
sexta-feira, agosto 12, 2005
Apenas pensem
Não sei que irá ler estas linhas, nem sei se serão idas alguma vez, mas é com apenas uma intenção que as escrevo: pedir-vos que de todas as formas que conseguirdes fazei com que este mundo dê um passo mais, talvez para remediar alguns dos passos já dados e que nos destruíram na nossa essência como homens e como seres humanos.
Obrigado a todos pelo tempo que me dispensaram e se mais não fizerem pensem.
Daniel (hoje o iel_b não chegou a tempo lol)
sábado, julho 02, 2005
EXAMES
Boa sorte para todos os que ainda estão em exames!!!
domingo, junho 05, 2005
SERRALVES NON STOP
A 2ª edição do "Serralves em Festa" realiza-se nos dias 4 e 5 de Junho (Sábado e Domingo) de 2005 com a participação de nomes grandes da música e da dança internacional. Durante estes dois dias actuam nos diversos palcos a mítica Mingus Big Band, o compositor Craig Armstrong, numa parceria com os artistas AGF e Vladislav Delay, a Orquestra Nacional do Porto ou o pianista portuense Miguel Borges Coelho, entre outros. Na área da dança o destaque irá para as actuações de Jerôme Bel, Mathilde Monnier e de Bruno Beltrão com o Grupo de Rua de Niterói. À semelhança da passada edição, realizada em Junho de 2004, o Parque, o Museu e a Casa de Serralves serão palco para 40 horas seguidas de música, dança, teatro, cinema, debates, oficinas, visitas guiadas, e muitas outras actividades para todas as idades, de entrada gratuita. No Sábado, dia 4, à noite, realiza-se uma festa no prado que contará com a actuação dos colectivos de DJ's Soul Jazz Sound System e Tigersushi Bass System e ainda com um concerto de Kevin Blechdom & Planningtorock.
quinta-feira, maio 19, 2005
segunda-feira, maio 16, 2005
caminho
Caminhar junto com outras pessoas requer certas cortesias que não são nada mais do que o bom senso na sua totalidade.
Caminho, lenta e suavemente, quero continuar a caminha..
terça-feira, abril 19, 2005
É natural
sábado, fevereiro 19, 2005
o que é afinal um ano?
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
val
abraço daniel
entino
segunda-feira, janeiro 10, 2005
quando eu era pequenino
Se estou mal agora??nao.. tudo é diferent..ñ podia o meu reino far far away continuar? ja ñ sou pequenino.. as coisas mudaram.. as coisas mudam e eu tb como tudo mudei.. ainda ñ sou grande.. mas ja ñ sou pequenino... afinal o k sou? ja nem meu sou.. ainda bem.. sou 1 fardo mt pesado talvez..
Qunado eu era pequenino era so pequenino.. agora o k sou?
usar
domingo, janeiro 02, 2005
gritar
segunda-feira, dezembro 13, 2004
mas o tejo nao é mais belo que o rio da minha aldeia